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Autorresponsabilidade na mediação

Atualizado: 29 de jul. de 2023

É atribuída a Nelson Mandela a frase: "Meu corpo eles podem ter prendido, mas minha mente sou eu quem controlo. Posso responsabilizá-los pelas suas atitudes, porém sou o único responsável por meus sentimentos". Essa frase e sua atitude, resumem o que significa autorresponsabilidade.


Tanto nos conflitos como nas adversidades da vida em geral, não raro busca-se "culpados" pelos acontecimentos e situações. Nos conflitos de interesse jurídico é comum as partes acusarem-se mutuamente pela situação que vivenciam, pelo conflito que estão envolvidos, atribuindo ao outro uma "culpa". Até mesmo justificam suas atitudes atribuindo ao outro o motivo e a responsabilidade pelo fizeram e como fizeram.


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Esse é um lugar-comum inclusive por diversas disposições legais que usam a palavra "responsabilidade" com o sentido de culpa, ou carregado dessa conotação. A autorresponsabilidade é o oposto, é a maturidade comportamental de atribuir-se a si a efetiva parcela de participação no conflito.


Numa certa oportunidade, participando de uma assembleia de condomínio havia acalorada discussão sobre inadimplências. Um condômino levantou a questão de que as dívidas eram problemas dos devedores, não do condomínio, "eles que devem correr atrás", dizia. Essa atitude, bastante comum nos conflitos, demonstra a falta de percepção de que o problema é comum a todos os envolvidos no problema, não de apenas uma das partes.


Compreender que cada um participa em maior ou menor medida para que o conflito se estabeleça é autorresponsabilizar-se. Esse é um passo transformador, pois o indivíduo coloca-se como protagonista dos eventos e consequentemente, como protagonista na obtenção de uma solução para a situação conflituosa.


Nos meios não adversariais de solução de conflitos, como a mediação, a função do terceiro imparcial (mediador) está em propiciar um ambiente em que os envolvidos percebam que são partícipes da situação conflituosa, que não são culpados e que não é culpa do outro. Aos que conseguem desvencilhar-se do sentimento de culpa ou de vitimização (culpa do outro) a capacidade de negociação sobeja.


A transformação da autorresponsabilização implica tomar para si também a autorresponabilidade de esforçar-se na tentativa de solucionar o conflito. Grande parte do sucesso das mediações está no momento em que as partes percebem que ninguém melhor do que elas conhecem a raiz do conflito e a partir daí as mais capacitadas e lhe dar uma solução.


Lucas da Silva Baarbosa

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